quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Prudência

O F. e o T. eram amigos de longa data, daqueles que se conheciam desde miúdos, colegas de escola e vizinhos, que brincavam na rua e passavam muito do seu tempo em casa um do outro.

Com o tempo cresceram, como é natural. E foram para a universidade.

Certa vez, por alturas do ano novo, combinaram juntar uns amigos e fazer uma festa de reveillon. Assim se fez, e foi uma grande festa, com muita gente, e a noite correu animada para todos. Foi uma bela festa.

O nosso amigo F. andava nessa altura a ter uns encontros esporádicos com uma tal R., filha de uns amigos dos pais. Nada de compromissos, digamos, davam umas saídas, divertiam-se um bocado. E resolveu convidá-la para a tal festa de fim de ano.

Quando a R. e o T. foram apresentados houve, imediatamente, aquela descarga eléctrica que acontece muitas vezes entre as pessoas que sentem que há ali qualquer coisa que os vai puxar um para o outro.

Falaram muito, riram-se, beberam, dançaram, e às tantas o nosso amigo T. beija a R., num lugar absolutamente à vista de todos.

A noite acabou. Encontraram-se mais tarde, e foi uma grande paixão que durou meses.

O tempo passou e, poucos anos mais tarde, T. desafia F. a ir para Lisboa uma noite para tomar parte num jantar de amigos, com saída a seguir, enfim, uma noitada.

O nosso amigo F. apareceu acompanhado de uma tal R., que conhecera não se sabe bem onde, e com quem mantinha uns encontros esporádicos. Nada de compromissos, digamos, davam umas saídas, divertiam-se um bocado.

Foram jantar todos juntos, com outras pessoas também, e desde logo se notou que entre o T. e a R. tinha acontecido aquela descarga eléctrica que acontece muitas vezes entre as pessoas que sentem que há ali qualquer coisa que os vai puxar um para o outro.

Saíram por Lisboa, foram para “O Barco” onde se deu uma cena que poucos viram, qualquer coisa relacionada com o T. pedir um cigarro a R., ela gracejar com qualquer coisa, e ele, num acto dramático, atirar o cigarro acabado de acender borda fora e virar-lhe a cara e deixar de lhe falar.

Foram ainda para Alcântara, para o Garage, e só lá dentro voltaram a falar. Quando a noite acabou é que os amigos os procuraram e foram encontrá-los num canto escuro da discoteca a comerem-se desalmadamente, como se não houvesse amanhã.

A noite acabou. Encontraram-se mais tarde, e foi uma grande paixão que durou meses.

Hoje ainda são amigos. No entanto, uns anos mais tarde F. resolveu casar-se com uma colega de trabalho. Ainda esteve em dúvida, mas achou que era mais prudente não convidar T.

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