domingo, 30 de dezembro de 2007

Conjugação do presente do indicativo do verbo detestar banalidades

Eu detesto banalidades
Tu detestas banalidades
Ele detesta banalidades
Nós detestamos banalidades
Vós detestais banalidades
Eles detestam banalidades

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Conto de Natal

Certo homem, levantou-se pela manhã para mais um dia de trabalho.
Ao chegar à casa-de-banho verificou que não tinha água para se lavar nem fazer a barba, tendo verificado de seguida que, de facto, tinha sido cortado o abastecimento por facturas não pagas, o que muito o surpreendeu, já que por várias vezes tinha avisado a companhia que as facturas estavam a ser dirigidas para uma morada errada, porque a menina da companhia tinha sido incompetente e se tinha enganado a introduzir a morada da sua casa no sistema informático da empresa distribuidora de água canalizada.
Dirigiu-se então para a cozinha para tomar o pequeno-almoço; o que não pode fazer porque tinha deixado a porta do frigorífico aberta e o leite tinha-se estragado depois de uma noite à temperatura ambiente.
Foi já irritado que se meteu no elevador e se dirigiu ao carro estacionado na rua para se dirigir para o trabalho.
O homem não queria acreditar no que viu. O lugar onde deixava o carro todos os dias estava vazio. Aparentemente tinha sido roubado! Dirigiu-se ao posto da polícia mais próximo para participar o desaparecimento e, com estes contratempos todos, chegou tardíssimo ao trabalho.
Foi despedido. O patrão estava furioso com o facto de ele ter chegado atrasado, mal vestido e a cheirar mal, logo naquele dia em que havia tantos assuntos importantes para tratar, tantas reuniões importantes para realizar. Ele ainda tentou argumentar, justificar-se com os acontecimentos desse dia, mas o patrão não estava pelos ajustes e mandou-o sair da empresa, alegando que o fazia com justa causa.
Foi um farrapo humano que chegou a casa ao fim do dia e encontrou, em cima da mesa da sala, uma carta da mulher a dizer que o abandonava e que levava os filhos, porque tinha encontrado o amor da vida dela na pessoa de um colega de trabalho de lá do banco, sempre tão simpático, bonito, atencioso e abastado.
Por momentos pensou no suícidio, e foi maquinalmente que saiu de casa e se dirigiu ao bar do costume onde bebeu, bebeu, e bebeu para esquecer aquele dia, aquela vida, a mulher, toda a gente. Naquele dia aquele homem bebeu para morrer.
Quando o bar fechou as portas, e o homem foi mandado para a rua como um fardo que se manda para longe, a noite ía já escura e na rua quase não havia movimento. O homem levou algum tempo até conseguir recobrar um pouco os sentidos e foi com dificuldade que destinguiu um vulto de um homem alto à sua sua frente que o mirava com atenção.
- Credo! Estás bêbado como um cacho! - disse o homem.
O outro mal conseguia articular as palavras.
- Sim... acho que bebi demais... Quem és tu?
- Eu? Não me reconheces? É Natal meu filho. E eu sou o Pai Natal!
O homem tentou focar a figura vermelha que tinha à sua frente.
- O Pai Natal! O Pai Natal! Só tu me poderias ajudar!...
- Ajudar-te? Então?
- Hoje tive o pior dia da minha vida. Roubaram-me o carro, perdi o emprego. A minha mulher fugiu com outro... Dá-me de novo as coisas que perdi!
- Dou-te as coisas que perdestes?
- Sim! Dá-me de novo as coisas que perdi! E a alegria que já não tenho!
O Pai Natal olhou em redor pensativo. E depois lá tomou uma decisão.
- Tudo bem. Eu farei isso. Mas em troca vais-me fazer aqui e agora uma mamada...
O outro nem pensou. Ao saber que podia ter as coisas de volta esclamou.
- Uma mamada! Mil! Por isso faria mil, Pai Natal!
- Óptimo! Então faz-me uma daquelas em que a glande fica apertada entre as amígdalas, e depois estimulas com movimentos de contracção da garganta...
E foi assim que começou a chupar desordenadamente o mastro do Pai Natal. Passado uns minutos, resolveu perguntar:
- Diz-me como vai ser, Pai Natal. Amanhã vou acordar como se nada se tivesse passado?
O Pai Natal olhou para baixo. Hesitou um segundo e perguntou:
- Que idade tens tu meu amigo?
- Eu? Eu tenho quarenta e um anos feitos!
- E com essa idade ainda acreditas no Pai Natal?

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Elogios duvidosos

"Tu és um diamante em bruto, quando fores lapidado vais ser um jogador do caneco!"

Comentário relativo a certo jogador de dardos que atira as setas como um pastor atira pedras e quase destroi o alvo electrónico e frágil.


"Eu ouvi-vos com muito interesse, mas como estava cansado não aguentei muito tempo na sala. De qualquer maneira achei que vocês tocam umas coisas interessante, embora ache que vocês devem reformular e tornar coerente o repertório. Acho que vocês têm uma enorme margem de progressão!"

Relativamente a uns rapazes que andam nos bares a tocar ao vivo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Mais coisas boas

THE UNIVERSE SONG, from Monty Python's THE MEANING OF LIFE


Whenever life gets you down, Mrs. Brown, and things seem hard
or tough.
and people are stupid, obnoxious or daft,
and you feel that you've had quite enouuuuuuuuugh...

Just remember that your standing on a planet that's evolving,
and revolving at nine hundred miles an hour...
That's orbiting at ninety miles a second, so it's reckoned,
the sun that is the source of all our power.
The sun and you and me, and all the stars that we can see,
are moving at a million miles a day.
in an outer spiral-arm at forty thousand miles an hour
of the galaxy we call the Milky Way.

Our galaxy itself contains a hundred billion stars,
it's a hundred thousand lightyears side to side.
It bulges in the middle, sixteen thousand lightyears thick,
but out by us it's just three thousand lightyears wide.
We're thirty thousand lightyears from galactic central point,
we go 'round every two hundred million years.
And our galaxy is only one of millions of billions,
in this amazing and expanding universe.

The universe itself keeps on expanding and expanding,
in all of the directions it can whiz.
As fast as it can go, that's the speed of light you know;
twelve million miles a minute, that's the fastest speed there is.
So remember when your feeling very small and insecure,
how amazingly unlikely is your birth,
and pray that there's intelligent life somewhere up in space,
'cause there's bugger-all down here on earth!


http://www.youtube.com/watch?v=JWVshkVF0SY


Nota para quem não conhece a história:

Certo homem, movido pelo seu desejo de ajudar os outros, inscreveu-se num banco de doação de orgãos. Devido a isso, certo dia bateram-lhe à porta dois magarefes com o propósito de lhe tirar o fígado. O homem não queria doar o fígado, mas foi obrigado por ser detentor de um cartão de doador de orgãos.

Enquanto um dos magarefes procedia à extracção, o outro falava calmamente na cozinha com a mulher da vítíma, tentando persuadi-la a doar o fígado também. Como ela estava indecisa, aparece este estranho cantor que lhe canta o quão grande e complexo é o Universo, de tal forma que ela, esmagada pela evidência da sua pequenez e insignificância perante a grandeza e complexidade das galáxias, se deixa convencer plácidamente a ser sacrificada também.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O Princípio de Peter

E foi um parto difícil.
O meu pai encaminhou a minha mãe para a única clínica particular de Douglas, na esperança de fugir às listas de espera e de ser mais bem tratada.
A clínica era chic, talvez, não poderemos negar. Mas o médico, que também não era menos, demorava-se no seu chá das cinco, tomado no recato do seu gabinete na companhia das duas enfermeiras mais novas da clínica, que na sua inocência provinciana se babavam na presença do médico, homem feito, quarentão de barba viril, sempre bem vestido e bem falante. Além disso, por ser médico, era idolatrado pelas pessoas do campo e quase todos os dias lhe chegavam a casa produtos de hortaliça fresca, ovos, galinhas, patos, coelhos, e tudo o mais que os seus clientes se conseguiam lembrar, já que muitos eram pessoas do campo sem grande capacidade para pagar as consultas em dinheiro, o que eles compensavam pagando com bens. Sendo assim, e sendo o médico um solteirão convicto, o mais desejado da região, era de todo natural que as duas moças sentissem umas humidades a crescer quando estavam com ele e tivessem reacções de colegial quando o viam passar.
Para além do chá das cinco o médico demorava-se a fumar o seu cigarro enquanto uma das enfermeiras lhe fazia massagens nos ombros e nas costas e a outra lhe lia um trecho de "O Vermelho e o Negro" de Stendhal, que ele gostava de ouvir na voz da enfermeira, tão cristalina e tão excelente leitora.
Quando finalmente se dispôs a ir tomar conta das ocorrências e dos seus doentes, encontrou então a minha mãe que, de tanto esperar, até já lhe tinham passado as contracções e estava desesperada e nervosa por imaginar que, por aquele andar, não só eu não nasceria, como ela iria desta para melhor provavelmente.
O médico assumiu os procedimentos de emergência e conseguiu tirar-me de dentro da barriga da minha mãe usando de uma ventosa que, colocada na minha cabeça, me puxou para fora.
Nasci feio e azulado. Mais um pouco e nasceria morto. A minha cabeça vinha afilada como a ogiva de um míssil intercontinental em virtude do uso da ventosa.
Ao ver-me, a minha mãe só teve tempo de murmurar entre dentes "Que feio! Coitadinho...", e depois desfalecer desmaiada do esforço imenso que foram aqueles momentos.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O solteiro perigoso

O sr. T é o gerente da dependência bancária da minha cidade.
Não terá ainda quarenta e cinco anos. Aparece todos os dias, meticulosamente trajado de fato comprado num qualquer outlet de grande dimensão, e o escanhoado perfeito de quem dedicou trinta minutos da sua manhã a manobrar, com destreza e atenção, a Mach 3 pelas curvas do seu rosto, pelas patilhas milimétricas, e até pelas zonas atrás das orelhas e do pescoço, onde os pelos no seu crescimento vão dando ao homem moderno um certo ar de desleixo e falta de cuidado.
Não é certamente o caso do sr. T, que é o tipo de pessoa que não deixa nada ao acaso.
Quando era mais mais novo esteve tentado a tirar direito, que o pai lhe pagava os estudos mas, num acto de rebeldia e inolvidável audácia, pelo menos à escala da sua pessoa, resolveu deixar de lado uma possível carreira brilhante nos tribunais e dedicar-se à banca. Porque o movimento - o borbulhar do dinheiro - o fascina, costuma explicar às pessoas nas conversas informais, nos almoços de negócios - "o capitalismo é um jogo viciante..." - costuma afirmar entre duas imperiais e enquanto se banqueteia com umas amêijoas à Bolhão Pato.
Tudo na sua atitude é meticuloso. A forma como se veste, como se apresenta, o formalismo profissional com que atende o telefone e até a forma estudada de sorrir.
Mas quem o conhece sabe que por trás do seu bigode de Errol Flynn está um homem que gosta de se divertir. Não é grande conversador, mas nas jantaradas fala com paixão e desenvoltura das grandes questões financeiras e dos negócios do seu banco, como se fossem decisões suas. E quando, duas garrafas de Jameson mais tarde, se dirigem para uma das casas de putas da moda, o sr. T transfigura-se e vem ao de cima a verdadeira personalidade vibrante e erótica dos nativos de escorpião. Em algumas dessas noites, já foi visto a levar duas mulheres para o quarto e até a praticar actos libertinos à vista de toda a gente. Quando se trata de putas, o sr. T sente-se um excêntrico banqueiro milionário.
E nas manhãs seguintes, ao tocar das 8h 30m, é vê-lo a entrar à porta do banco, impecavelmente vestido, de pasta na mão, a cumprimentar toda a gente e a espalhar pelo ar um certo aroma antiquado de Old Spice e de mediocridade.
O sr. T entrou na sala de reuniões com os meus papéis na mão e com um sorriso escancarado.
- Viva Peter! O seu empréstimo para compra de habitação foi pré-aprovado!
Eu fingi um certo ar de contentamento como se isso fosse uma coisa surpreendente e reservada apenas aos clientes especiais do banco.
- Agora - continuou - teremos de esperar pelo relatório do avaliador para confirmar o valor do imóvel e termos então a certeza de estarmos a trabalhar dentro dos valores apropriados para o empréstimo.
- E quanto tempo poderá isso demorar?
- Talvez quinze dias. Eles têm andado um bocadinho atrasados. Mas quinze dias deve ser suficiente, mais quinze dias para vir da central a autorização definitiva. Daqui a um mês deverá estar em condições de fazer a escritura da casa.
A coisa pareceu-me bem e ficámos um pouco a conversar sobre o processo de compra de casa, condições do empréstimo, taxas de juro...
- Diga-me Peter... Vai casar?
- Não. Não estou a pensar casar.
O sr.T olhou-me com um certo ar suspeito de quem lhe tinha escapado algo importante.
- Você nunca casou pois não? Não tem filhos?
- Não. - respondi já surpreendido com aquelas perguntas sobre a minha vida pessoal.
- É que isso traz-nos uma pequena contrariedade...
Eu olhei para ele sem perceber e fiquei na expectativa.
- É que nesse caso o Peter vai precisar de fiador... - foi dizendo o sr. T, chegando-se mais de perto, em jeito de confidência.
- Fiador? - perguntei eu no mesmo tom.
- Sim... fiador... não é nada pessoal, compreenda... são regras do banco...
- Mas... regras? Regras porquê? Porque é que eu, pessoa formada e de boa saúde, preciso de ter fiador? E além disso onde é que eu vou encontrar um fiador nos dias de hoje? Hoje não há condições para alguém de inteligência mínima ser avalista! Vocês dos bancos reservam-se a todos os direitos! É a reserva de propriedade da casa... Temos de pagar seguro para garantir o pagamento do empréstimo... Querem fiador para quê? As garantias que têm não vos chegam?
O sr. T fez um ar de quem lamenta.
- Compreenda Peter... Eu não fosso fazer nada... Se você fosse casado...
- Se fosse casado era mais honesto? Ou tinha mais condições para pagar? Não percebo.
O sr. T resolveu-se a aventar uma explicação que não estava habituado a dar.
- Não é isso... Veja se entende. O banco considera as pessoas solteiras um investimento de maior risco. São pessoas mais independentes e imprevisíveis. Tanto podem estar aqui hoje, como amanhã podem fazer viagens para o Brasil, se bem me entende...
Eu olhava para ele com ar de evidente reprovação.
- Os solteiros - prosseguiu - são pessoas difíceis de prever e de seguir. São pessoas que não têm cá ninguém que os prenda. Podem com mais facilidade dar um tiro na cabeça e deixar esta vida, por exemplo. E quem fica a perder? O banco...
Eu fiz um ar de quem estava a seguir o raciocínio.
- Sim, entendo o que quer dizer. Para o banco, os solteiros são feitos da mesma massa de que são feitos os bombistas suicidas...
- Sim... No fundo é isso... - assentiu o sr. T, contente por me ter feito ver o problema e a óptica do banco.
- Sim é verdade... - respondi com ar de quem partilha a idéia. E chegando mais para o pé dele - ...mas então lhe digo que, sendo assim, será mais prudente para a sua saúde e a dos seus colegas que me baixe os juros e deixe de exigir fiador...

sábado, 3 de novembro de 2007

O primeiro dia do resto da vida.

Que fique registado que hoje encontrei o meu primeiro cabelo branco.
Não que isso me entristeça. De facto não estou assim tão mal.
Conheço muitos homens da minha idade que estão cheios deles, resultado da vida conturbada, do casamento, dos filhos.
Eu, solteiro que sou, celibatário convicto, e que gosto de crianças desde que sejam dos outros , conheci hoje o meu primeiro cabelo branco. Considerando que continuo sem barriga e sem os demais sinais de velhice precoce que tantos amigos ostentam, quase que daria para celebrar.
Talvez beba um whiskey hoje em honra deste cabelo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Pão por Deus

Talim Talão!
- Quem é?
- Pão por Deus!
- Quem?
- PÃO POR DEUS!!
- Ah! Não quero obrigado!
- Diga?
- Ainda tenho! Obrigado!
- ...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Pequenos exageros

Aquilo foi uma brincadeira inocente. Eles só ataram o outro senhor por um pé e uma mão a uma grade de uma janela, o outro pé e a outra mão a um carro, e depois obrigaram-no a beber tanto que ele morreu, não de bêbado, mas sim por afogamento! Coisas normais num sábado á noite numa aldeia do interior!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A carta

25 de Outubro de 2007

De: Peter Peter

Para: Exmo. Sr. Dr. Blá Blá
Empresa Que Paga Bem , Lda.
Rua Comendador Blá Blá, nº 74
Vladivostok

Assunto: Apresentação de candidatura

Exmo. Sr. Dr. Blá Blá:

Como tenho vindo a considerar a minha mudança para a zona de Vladivostok, e tendo tomado conhecimento da vossa oferta de trabalho através do site do Blá Blá, venho apresentar o meu interesse pela vossa vaga para engenheiro mecânico na vossa fábrica de mobiliário metálico.

(…)

Tenho já experiência de direcção da produção e de obras numa empresa metalomecânica (blá, blá, blá,…). Sou licenciado em engenharia mecânica pela Universidade (blá, blá, blá,…)

(…)

Tenho trabalhado nestes últimos anos numa empresa de consultoria e (blá, blá, blá,… blá, blá, blá…) e encontro-me disponível e com vontade para prosseguir a trabalhar.

Para além de ter o gosto pelo projecto e pela construção mecânica, a sua empresa tem ainda a vantagem de ser perto de Vladivostok, o que muito me agrada.

Estou evidentemente disponível para qualquer esclarecimento que julgue necessário pelo que me poderá contactar de qualquer das formas que ache apropriado.


Com os melhores cumprimentos,

Peter Peter

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O princípio de Peter

O porto de Douglas, bem como a praia, é frequentado por muitos homens que ali se deslocam para ir pescar.
São homens de todas as idades e estratos sociais que debaixo dos seus oleados e bonés, e de cana-de-pesca em punho, se postam em frente às águas à espera daquele dia ou noite de sorte em que conseguem tirar da água um peixe que lhes permita voltar para casa com a sensação de terem valido a pena as longas horas ao frio, ao vento e, quantas vezes, à chuva.
São homens solitários. Uns por sina, outros por opção. Uns vão porque não têm nada nem ninguém que os prenda. Outros vão para fugir à vida que têm em casa; à sogra, à mulher, aos filhos. Outros vão simplesmente porque sentem que o estar em frente às águas é um lenitivo para as dores. Mas todos vão e, de cana na mão e olhos no mar, sentem-se todos homens iguais.
Vagueiam também pelo porto prostitutas. Normalmente são mulheres de meia-idade, com a pele e os cabelos curtidos pelos elementos, e as unhas compridas em dedos amarelados dos cigarros fumados ao vento.
Estas mulheres não costumam procurar os pescadores. Embora muitos deles tenham um aspecto perfeitamente decente, e serem pessoas com posses suficientes para pagar os seus serviços, elas fogem ao contacto intímo com estes homens de mãos sujas e mal-cheirosas, de unhas negras dos restos de minhocas esmagadas e tripa de peixe.
Eles pescam pouco e elas têm poucos clientes. No fundo estão todos à pesca, e todos no lugar e na hora errada.
Uma dessas noites, um jovem pescador acercou-se de um outro mais velho e entabulou conversa.
- E que tal corre a noite?
O outro olhou de esguelha por debaixo do boné enterrado até às orelhas e das abas do casaco ensebado com as abas levantadas sobre o pescoço.
- Vai correndo... Daqui não se tira nada...
- Nós ali também não... - disse o mais novo, apontando para um vulto na escuridão, que era do seu amigo e companheiro das pescarias.
- Nós ali.. - continuou - ...até já pusémos anzois pequeninos, para apanhar qualquer coisa, nem que sejam uns jaquinzinhos, mas nada... Isto aqui parece o Mar Morto...
- E o senhor? Também está de anzol pequeno? - foi-se adiantando, movido pela curiosidade própria dos pescadores, que querem saber sempre o que os vizinhos andam a fazer.
O outro grunhiu qualquer coisa e apontou para um balde cheio de sardinhas cortadas ao meio.
- Eu estou com sardinha. Anzol grande. Eu vim para o robalo.
- Pois... Nós com pequenos, o amigo com grande... Mas isto é igual para todos. Uma pessoa chega aqui e sabe lá o que há de escolher...
O outro não disse nada. Passou talvez um minuto, tempo suficiente para acender um cigarro, recolher a linha, verificar que o isco tinha de ser trocado, e, com mestria, começar a montar meia-sardinha no anzol de grandes dimensões, atada com linha de costura.
Lançou o isco à água, enquanto o cigarro deixava pender um borrão de cinza que era quase meio cigarro.
Finalmente resolveu responder ao cachopo, enquanto sacudia a cinza do casaco e aconchegava a gola por causa do frio.
- Quando não sabe o que escolher, escolha grande. Porque não pescar por não pescar... Mais vale não pescar robalos do que não pescar jaquinzinhos...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Astrologia

- Sabes... estive a ver as nossas cartas astrológicas.
- Ah sim? - Respondi sonolento.
- Sim! Como sabes eu sou Virgem e tu Capricórnio, o que à partida não promete grande coisa.
- Humm...
- Mas o teu ascendente é Virgem, e isso pode explicar esta compatibilidade que sentimos. Além disso, quando nasceste, Júpiter estava na casa de Escorpião e isso pode explicar esta tua maneira que me deixa doida...
Enquanto falava, ela estava deitada sobre um braço e passava-me os dedos pelo cabelo, enquanto com a outra mão me massajava suavemente o escroto.
Eu olhava para ela, com a mão a usar e abusar das mamas enormes que ela tem e dos mamilos vermelhos e tumefactos.
- Sim é possível... é bem possível que seja isso que explica tudo...

Trabalho em equipa

A entrevista de trabalho ía já em trinta e cinco minutos e até ali não havia novidade.
- Diga-me Peter... gosta de orientar pessoas?
- Gosto, respondi confiante.
- E já teve oportunidade de o fazer na sua carreira profissional?
- Claro! Tal como pode ver no meu curriculum, já fui director de produção, e de uma maneira geral tenho orientado pessoas em equipa ao longo de todo o tempo em que tenho trabalhado.
- Bem vejo... Bem vejo... E que perspectiva tem do trabalho em equipa? Que observações faria a alguém que estivesse a começar agora?
- Repare... As pessoas por natureza tendem a ser individualistas e a valorizar os trabalhos que lhe trazem um proveito imediato...
A entrevistadora tirou os óculos e recostou-se na cadeira numa expressão interessada.
- ... o orientar uma equipa é principalmente ser capaz de transmitir às pessoas a idéia que lhes será vantajoso, a todas, o esforço de trabalhar em conjunto, muitas vezes para atingir objectivos que não são evidentes no imediato. No fundo é ser capaz de criar no seio do grupo a esperança que do seu trabalho vão resultar coisas boas para todos, mesmo que seja a prazo.
- Sim é verdade... E as dificuldades? De que forma podem surgir?
- De tanta maneira... Surgem quando não temos objectivos bem definidos... Quando um ou mais membros da equipa não nos reconhecem competência... há tanta situação com que temos de lidar...
- E se lhe surgisse um problema desses? De contestação, digamos. Como lidaria com ele?
- É difícil dizer. Sabe que perante as situações concretas é que vemos como nos comportamos.
- Mas não tem uma idéia? Um princípio?
- De uma maneira geral diria que temos de conversar. Conversar sempre.
- Claro, é essencial...
- Podemos até aproveitar um almoço... uma ocasião em que as pessoas estão mais dispostas a conversar...
- Sim... e se os problemas persistem?
- Há muitas maneiras. Posso por exemplo chamá-lo à parte depois do almoço. Dar um passeio. Conversar. E se a coisa ainda assim não se resolve, posso dar-lhe um tiro e lançá-lo de uma ravina...
- Estou ver que leu os clássicos...
- Sim uns quantos.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Mulheres...

A expressão não é minha, e não é novidade nenhuma, mas eu gosto de reforçar que não há mulheres feias; há é homens que bebem pouco.

sábado, 20 de outubro de 2007

As peças do corpo humano

Numa empresa metalomecânica, um operário que trabalhava com um balancé distraíu-se e deixou que o martelo da máquina desferisse uma valente pancada no dedo polegar da mão direita.
Foi de baixa, como é evidente. E como a lesão era grave e irreversível, teria direito a uma indeminização por parte do seguro de trabalho.
Um outro operário chegou-se para comentar o sucedido e foi dizendo em tom de confidência:
- Já viu engenheiro? Aquele amigo ali?
- Sim? O homem ficou maltratado...
- E já viu agora?... - diz o tal, num tom de inveja incontida - Vai para casa de férias e ainda há-de receber para aí cinco ou seis mil euros por ter tido um acidente...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Fina, fina... da mais fina...

Lá está! O café é vendido em grão ou moído.
Quando moído, a moagem pode ser grossa ou fina.
A moagem grossa é recomendada pelos fabricantes para todas as máquinas e tipo de café, sejam máquinas de pressão, café em filtro ou cafeteiras de fogão.
A moagem fina é recomendada apenas para as máquinas de pressão.
Mas vendo bem as coisas, não há razão para não se usar o café de moagem fina numa máquina de filtro, por exemplo. Na verdade a quantidade de café a usar será até mais pequena, porque a extracção será mais eficiente do que com moagem grossa. Ou seja, acaba por sair mais barato usar moagem fina sempre que tal for possível.
Mas isto não é explicado nos rótulos do café moído.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Coisas para dormir

Porta da Ravessa 2006. 1,89 euros. Boa compra.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O princípio de Peter

A vida corria em Douglas devagar, tal como neste blog.
Os meus pais conheceram-se em Fevereiro, por altura das festas de Carnaval, e eu estava programado para nascer em Novembro. Casaram-se em Maio, mês das flores e das revoluções.
Enquanto o relógio biológico prosseguia o seu inexorável tic-tac na barriga da minha mãe, o meu pai arranjou trabalho como contabilista numa empresa de transportes marítimos no porto de mar.
A minha mãe estava sem trabalhar. A barriga que crescia desaconselhava que procurasse emprego. E muitas vezes ía procurar e visitar o meu pai ao escritório da empresa.
Ela gostava de passear pelo porto e ver a azáfama dos navios, as enormes gruas a carregar e descarregar os enormes contentores. E muitas vezes sentava-se por ali a ver as coisas que passavam, tantas vezes à chuva, a sonhar com terras longinquas de que só ouvira falar, com terras de calor e sol e gente diferente, que gostaria conhecer, enquanto via o fumo preto e ouvia, por entre a bruma, a sirene de mais um navio que largava, magestoso e lento, para longe, em direcção ao fim do Mundo.

A caminho do prémio Nobel?

Tenho guardada no frigorífico, na porta, perto dos ovos, uma caixa de minhocas.
São minhocas do tipo Saltarim, e servem como isco para os pescadores desportivos.
Estas minhocas apresentam uma boa resistência e longevidade desde que guardadas no frio. Devidamente acondicionadas podem durar mais de duas (2) semanas para além da data de compra.
Estas minhocas foram compradas no dia 29 de Setembro de 2007. Desde então têm apresentado uma côr normal, e uma actividade normal, considerando que estão no frigorífico e que, portanto, ficam mais lentas devido às baixas temperaturas, cerca de 5º C.
A actividade das minhocas tem sido testada por recurso ao método que consiste em abrir a caixa periodicamente, escarafunchar com o dedo indicador da mão direita nas minhocas, verificar que reagem ao toque, e por fim limpar o dedo indicador da mão direita nas calças.
No sábado, dia 6 de Outubro de 2007, foi adicionada à caixa de minhocas umas gotas de água do mar, para repôr a humidade.
Depois deste procedimento, as minhocas conservaram o seu aspecto e actividades normais.
Tenho na varanda uma garrafa de 1,5L de água sem rótulo, com um resto de água da torneira no fundo, que ali tem sido conservada ao longo de mais de seis (6) meses.
A água deverá apresentar o desenvolvimento microbiano possível para as quantidades de oxigénio e matéria orgânica presentes na porção de água original, pois o tempo passado é, em princípio, suficiente para que se tenha chegado ao limite desse mesmo desenvolvimento microbiano.
Na quinta-feira, dia 10 de Setembro de 2007, adicionei algumas gotas dessa água à caixa das minhocas, para repôr a humidade.
Tendo hoje de manhã executado o teste do dedo nas minhocas verifiquei, surpreendentemente, que as minhocas apresentam um nível de activade anormalmente alto e apresentam uma descoloração anormal.
A modificação nos aspectos qualitativos da população de minhocas deverá ser consequência de alterações químicas no habitat, introduzidas pela água da garrafa que tem estado esquecida na varanda.
Estes aspectos serão estudados nos próximos 2 anos, pelo que previsivelmente será emitido um relatório sobre este assunto em Setembro de 2009.

Coisas boas

http://koti.mbnet.fi/reagan/lodger/ilove.html

Dizem que é premiado...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Dicas para o desenrascado

Imagine-se na situação de ter de lavar alguma roupa à mão e não tem detergente para deixar a roupa de molho.
Se tiver em casa restos de sabonetes, de sabão azul, e em última análise até um bocado de sabão bom, pode pôr isso num copo alto, deitar àgua e picar tudo com a varinha mágica.
Fica cá um detergente!
A varinha mágica deve estar limpa, sem restos de sopa envelhecidos dois dias. Para não sujar o detergente.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Mulheres...

Até ali não tinha acontecido nada. Tinhamos ido jantar e, ao voltar para casa, parámos o carro num sítio recatado para fumar um cigarro antes de a levar a casa.
Como o momento se proporcionava resolvi arriscar.
- Sabes... Desde que te conheci sempre tive uma vontade enorme de curtir contigo...
A G... olhou-me assim de esguelha, meio receosa, meio curiosa, a ver o que iria sair dali.
Continuei.
- Não é que esteja apaixonado por ti, não é isso - enquanto ela acentia com a cabeça e murmurava qualquer coisa como "ainda bem... porque eu também não estou..." - mas essa tua maneira... esse teu corpo...
E continuei mais um pouco em que me esforcei por descrever, de uma forma simpática mas expressiva, o que achava do corpo dela, das mamas, das ancas, de como ela é gira...
Como se manteve em silêncio senti-me impelido a tentar uma aproximação e roubar-lhe um beijo.
Fui liminarmente impedido! Dizia que não! Que não estava ali para isso, que quase não nos conhecíamos, enquanto se ria dos meus esforços. Ainda insisti mais um bocado mas, como não vi resultados, acabei por abrandar a pressão. Fumámos mais um cigarro e levei-a até casa. Aliás, levei-a até um lugar escuro perto de casa, para não darmos nas vistas. E assim ficámos...
Na noite do dia seguinte ligou-me.
- Oi Peter! Estou aqui no centro, vim à cidade. Queres vir tomar café?
Eu estava já de pijama e não me apetecia sair.
- Eh pá... não sei... Não me apetecia sair... Estou já de pijama... Estava a pensar ficar por aqui...
- Não me digas que me vais deixar aqui sozinha! Uma rapariga séria como eu! - dizia ela a rir.
- Se calhar vai ter de ser...
Fez-se uma pausa, e depois continuou...
- Então agora vou sair sozinha? Isso tem algum jeito? E se eu passasse aí por tua casa?
- Passa... Tenho aí café se quiseres... E tenho também um filme para vermos se te apetecer...
- Está bem! Beijinho então. Dez minutos e estou aí...

domingo, 7 de outubro de 2007

O princípio de Peter

É domingo... e sendo domingo, a taxa diária de produção de coisas e idéias (TDPCI), que durante a semana toma valores baixos, desce para valores nulos, ou quase nulos. É um dia perdido numa semana de sete dias. É 14,3% da nossa vida dedicada aos pensamentos moribundos, aos actos falhados, ao ócio desconfortável de quem perde uma manhã, uma tarde, uma noite, com os ossos aterrados num sofá a deixar fluir sem filtrar a nulidade que emana dos canais de televisão.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

ESPECIAL INFORMAÇÃO

Confirmam-se os rumores relativos à minha vizinha da frente. Ela gosta mesmo de andar nua pela casa!
Segunto fonte jornalística não identificada, a minha vizinha da frente foi vista, acidentalmente e por repetidas vezes ao longo do dia, a circular pela casa sem roupa ou só com uma t-shirt vestida. O dia foi marcado pelo momento em que a referida pessoa se apresentou a circular pela cozinha tendo por vestimenta apenas, e só, o avental.
Devido à relevância deste assunto continuaremos a dar-lhe atenção nos próximos serviços informativos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Diziam das chuvas intensas

Dois transeuntes na rua com água até aos joelhos:
- Esta chuva assim não vale nada...
O outro assentiu com a cabeça com ar de quem percebeu, sem perceber muito bem, preocupado com os tacos do chão da casa, já todos levantados e deformados como as plantas dos seus pés.
- É que assim não fica aqui água nenhuma... Vai toda para o mar...

Recursos humanos

O dono de certa empresa, o dr. X, resolveu que precisava de admitir um engenheiro, para cumprir funções de “planeamento e gestão da produção e obras”.
- Rosa ?!
- Sim senhor doutor? – A Rosa era a secretária, eficientíssima.
- Decidi que vou querer admitir um engenheiro electrotécnico ou mecânico para a produção. A Rosa importa-se de organizar essas coisas dos anúncios e organizar os curriculums dos candidatos?
- Com certeza senhor doutor…
Durante um mês a srª. Dª. Rosa recebeu, catalogou, organizou, as dezenas de curriculums que os engenheiros candidatos mandaram por correio e email para a empresa. Ao fim desse tempo, e tendo já um monte respeitável de curriculums, deu entrada no gabinete do patrão.
- Sr. Doutor… estão aqui os curriculums que pediu…
O dr. X olhou, um tanto assustado, para o monte de papel que a secretária lhe trazia.
- Ponha aí… em cima da minha mesa… eu mais tarde vejo… Obrigado Rosa…
A manhã passou. A tarde também.
Na manhã seguinte olhou de novo para o monte de papel e resolveu que iria meter mãos à obra.
- Rosa ?!
- Sim senhor doutor? – disse a Rosa, eficientíssima.
- Desses curriculums que me trouxe… Dê-me os seis primeiros, os que estão em cima. E os outros, se não se importa, leve de novo para a sua sala e arrume-os no lixo.
A srª Dª Rosa ficou consternada…
- Ai senhor doutor!... Não me diga tal coisa! Deitar tudo fora?! Mas pode estar aqui gente tão competente! Tão apropriada!
- Eu sei Rosa… Eu sei… Mas são pessoas com azar na vida… E sabe a Rosa que ser azarado é um defeito imperdoável… Imperdoável…

BREAKING NEWS

A minha vizinha da frente gosta de andar nua pela casa!!!

Mais desenvolvimentos assim que possível.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O princípio de Peter

Nesses primeiros meses em Douglas, a minha mãe passou por um processo de habituação que nem sempre foi fácil.
Era a vida de casada, com as suas novas responsabilidades.
De uma maneira geral agradava-lhe o homem com quem tinha casado, era trabalhador e parecia honesto.
Mas havia pequenas coisas que não lhe agradavam muito, como o hábito irritante que ele tinha de a apalpar nas missas de domingo e as longas séries de arrotos que ele cultivava nos minutos antes de dormir. "É por causa do refluxo gástrico...", dizia ele, até que mais calmo e confiante se deitava para o lado esquerdo e adormecia.

Que estranho.

Dirigiu-se à tal empresa para responder ao tal anúncio de trabalho que não queria aceitar.
Preparou-se cuidadosamente. Deixou a barba por fazer dois dias, e esqueceu-se de lavar os dentes. Chegado à porta da empresa, tirou um pouco da camisa para fora da cintura e abriu o fecho das calças.
Resultou em cheio. A dona da empresa confidenciou-lhe que daria a resposta mais tarde, mas deu a entender que tinha quase a certeza que não seria seleccionado.

Coisas boas

http://www.youtube.com/watch?v=oSzXLbvvLeI

One bourbon, one scotch, one beer.

O princípio de Peter

Esta história terá de ser contada em episódios pequenos, às vezes dispersos.
É que não dá para contar tudo de uma só vez.
De qualquer maneira posso ir adiantando que os meus pais casaram, claro está, passado poucas semanas do tal encontro inicial.
Toda a gente sabia que aquele casamento era assim um tanto estranho e fora de tempo; e toda a gente suspeitava das razões.
Mas foi uma cerimónia bonita, dizem as crónicas da época.
Ficaram a viver em Douglas.
O meu pai era aprendiz de contabilista. A minha mãe queria ser professora primária.

Boas notícias

Dinamo de Kiev 1 - 2 Sporting CP
Boa.

Manhã

A dor de cabeça de manhã... começa o dia.
Pode ser do Whiskey de ontem. Eu acho que não. Deve ser da constipação.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

CLASSIFICADOS

Homem sério, trabalhador, amigo do seu amigo, casa própria, sálario razoável, procura jovens bonitas e desinibidas, na casa dos vinte anos, para convivios divertidos a sós ou em grupo.
Coisa séria.
Contactar o dono deste blog.

O princípio de Peter

Para muitas das crianças que polulam na internet o ano de 1969 estará tão longe quanto o de 1640.
Foi neste ano que o meu pai conheceu a minha mãe num baile da paróquia de Baldrine perto de Douglas - na Ilha de Man tudo é perto de Douglas - e a convidou para dançar. Ela já tinha bebido uns copos num jantar de mulheres. Acordaram, a manhã ia já alta, no banco de trás do pequeno Ford Cortina do meu avô. A minha mãe acordou grávida. O meu pai de ressaca.
A minha mãe nunca mais bebeu, não fosse ficar grávida outra vez.
O meu pai teve de mandar trocar os amortecedores ao Ford.
Este blog há-de contar a história de como tudo se passou; a série de acontecimentos que resultou neste desfecho duvidoso que é eu estar aqui sentado a escrever neste país de navegadores, depois destes já muitos anos que tiveram pouco, muito pouco, de glorioso.
Também vou aqui pôr outras coisas, que eu quero que quem aqui vier tenha coisas com que se divirta.
E sim... prometo que vai haver gajas nuas escondidas neste blog.