A vida corria em Douglas devagar, tal como neste blog.
Os meus pais conheceram-se em Fevereiro, por altura das festas de Carnaval, e eu estava programado para nascer em Novembro. Casaram-se em Maio, mês das flores e das revoluções.
Enquanto o relógio biológico prosseguia o seu inexorável tic-tac na barriga da minha mãe, o meu pai arranjou trabalho como contabilista numa empresa de transportes marítimos no porto de mar.
A minha mãe estava sem trabalhar. A barriga que crescia desaconselhava que procurasse emprego. E muitas vezes ía procurar e visitar o meu pai ao escritório da empresa.
Ela gostava de passear pelo porto e ver a azáfama dos navios, as enormes gruas a carregar e descarregar os enormes contentores. E muitas vezes sentava-se por ali a ver as coisas que passavam, tantas vezes à chuva, a sonhar com terras longinquas de que só ouvira falar, com terras de calor e sol e gente diferente, que gostaria conhecer, enquanto via o fumo preto e ouvia, por entre a bruma, a sirene de mais um navio que largava, magestoso e lento, para longe, em direcção ao fim do Mundo.
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